| Depoimentos |
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Seu JB do céu !!! Era um domingo de Sol, vento mais brisa que vento, mercúrio no topo e a patota voadora se manifestando, inclusive nós.
Estávamos no Centro Nacional de Pára-quedismo e principal zona de lançamentos do país, em Boituva-SP. Antes das decolagens pegarem no breu com os aviões do Alemão (PP-DQX) e do saudoso Cmte. Belo (PT-AZB), apareceu um atleta de São Paulo, por sinal muito simpático e que repassava segurança com seus gestos. Com ele estava um grupo de turistas de primeira área e ansiosos para conhecerem as sensações da queda livre. O pessoal que chegara tinha programado cinco saltos duplos e não via a hora de subir para além das nuvens a fim de viver as emoções que só o pára-quedismo oferece. Rapidamente ele se equipou com seu equipamento de salto duplo e levando um dos jovens do grupo, decolou com mais três "perus" (alguém que sobe junto prá voar - normalmente pela primeira vez - e ver a saída dos saltadores) no PT-AZB, para um salto de 7.000 pés. A saída perfeita e uma queda-livre no eixo arrancou elogios dos amigos do voador e também de outros manicacas que assistiam ao espetáculo. Já visual ao pessoal de terra, o piloto do salto duplo foi para o comando e rapidamente o velame, um monstro multicolorido diga-se de passagem , abriu-se garbosamente. O salto em si, foi o salto que podia se chamar de perfeito e se completou com um pouso nos seixos do alvo do CNP, tipo garça enamorada chegando leve e convencida, à frente do seu escolhido.
Mas, a maioria que observava o salto ficou quase que narcosada com as cores do velame e a navegação do manicaca-piloto e não viu o que o Zé do Campo (conhecido guarda-campo da área de Boituva desde o início dos anos 70 ) havia visto desde os fundos da sala do manifesto. Quando o velame se abriu, dele teria saído um pacote, que segundo o Zé, era um pára-quedista. Coração saindo pela boca, o eficiente e grande amigo de todos os pqds, marcou o rumo que o " pqd havia batido". Saiu correndo, entrou no meio do nosso grupo, afobado, e soltou a sua : - Seu JB do céu, o pára-quedista que sartô do avião do Belo, parece que se sortô do pára-quedas e bateu ali no meio do capão de mato!!! (uma área verde as margens da rodovia Castelo Branco, sentido São Paulo-interior). - Vamu lá seu JB ( João Bessa, reformulador do CNP-Boituva e Presidente da Federação Paulista de Pára-quedismo à época ), que de repente ele caiu numa copada darve e só se machucô. Vamu lá seu JB !!! insistiu o Zé. Mas o JB, que também devia ter visto o pacote caindo, pediu calma ao guarda-campo, que injuriado, logo estava com seu facão Jacaré preso à cinta, pronto prá entrar em ação. Entre o ir e não ir socorrer o pára-quedista que "batera" no capão de mato, um outro fato sacudiu o CNP-Boituva : enquanto o passageiro do salto - era um salto duplo e poucos perceberam - se desvencilhava do arreio, sorridente e posando para mil fotos, o piloto do salto duplo sentou-se nos seixos do alvo, mais branco que argentino que mora longe do Mar Del Plata e pediu uma coca-cola pelo amor de todos os santos que lhe protegiam. Alguém foi buscar o refrigerante, ele tomou um baita gole e em tom de desabafo, quase sussurrando, emendou : ...Que pane besta !!! Ainda bem que meu liberador é de dois toques e o passageiro nem percebeu que o velame que se abriu era o reserva e não o principal... E o Zé do Campo, quando soube que era um velame que caíra e não um pára-quedista, benzeu-se, rezou um pai nosso e um monte de ave-marias e com seu carinhoso jeitão de caipira, encerrou a história : - Mió assim ! Já pensô si logo nu primêro sarto, morre um ?! Após o espetáculo, o piloto de saltos duplos ensacou seu velame reserva, despediu-se de quem ficou e também daqueles que saltariam com ele e foi procurar o seu velame principal. Que eu me lembre, nunca mais o vi no Centro Nacional de Pára-quedismo ! Por
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