Depoimentos

 

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A força da fé

Era aniversário de 50 anos da cidade de São Sebastião da Grama, interior de São Paulo, lá prás bandas de São José do Rio Pardo e Casa Branca.
Nesse tempo,1975, era comum “Os Canibais”, um dos clubes importantes de São Paulo, fazer demonstrações de pára-quedismo nas festas das cidades, o que nos dava grana para nosso treinamento.
Nesse evento, participamos do desfile comemorativo no sábado, vestidos à caráter, ou seja, com macacão e capacete do lado esquerdo na altura da cintura, mas a gente não ligava de pagar mico não !  Estávamos eu (Léo Muradás), Ronan, Lyra, Toninho Freitas, Marylene  e Carlos Tender.
Bem, como a cidade era minúscula e estava cheia de convidados, não tinha lugar prá gente dormir e então um fazendeiro muito simpático nos hospedou em sua casa. Lá fomos nós... era bem distante do centro, mas tudo bem, a gente se acomodou direitinho, mas, durante a noite o Lyra teve uma crise de pedra no rim e teve que ser internado no hospital da cidade. Um a menos para o salto no domingo, mas tudo bem!
O pouso do salto seria no campo de futebol, sem nenhuma outra opção segura. O dia estava lindo com um céu azul de brigadeiro convidando para o salto, mas tinha também um ventinho danado e que não parava de soprar. Hoje, tudo bem ! Mas pensem no velame redondo !!!  O PS tinha que ser milimetricamente calculado e mesmo assim...  adivinhem?  Léozinha ultrapassou o campo de futebol e foi pousar na porta do hospital, sendo alegremente recebida por um monte de freiras vestidas de branco. Elas aplaudiam dando gritinhos e me abraçavam, dizendo que tinham rezado muito para cair alguém perto delas, pois não podiam abandonar os pacientes para assistir os saltos no campo de futebol e quando perceberam que eram uma mulher, ficaram ainda mais encantadas !
Assim que me recuperei do pouso, que foi em pé e numa rua estreita, olhei para a entrada do hospital e no alto da escada avistei o Lyra com aquela camisola hospitalar ridícula. Ele estava carregando o soro em um suporte de metal, com aquele sorriso amarelo (de dor). Então ele me contou que começou um alvoroço no hospital e todos foram correndo para a porta e ele foi também e deu de cara com meu velame caindo ao lado.
Depois fiquei conversando com as freiras e fazendo uma visita para o Lyra e até hoje não sei se caí fora do alvo por incompetência ou se a reza e a fé das freiras é que foi poderosa !

                                                                                                               Por
                                                                                                                       Léo Muradás