Patabrisas
Não sei quem teve a idéia mas quando vimos o Marquinhos, filho do Zé Bueno (guarda-campo da área de Boituva durante muitos anos) brincando com um pequeno paraquedas de plástico de modelo retangular e que ele mesmo construira, resolvemos lançar um pato em um de nossos saltos usando seu brinquedo.
Vestimos o pato com uma camiseta de paraquedismo e o conectamos ao paraquedas.
Corria o ano de 1985 e estávamos em Boituva-SP treinando nossa equipe de TRV cujo nome era Parabrisas.
Botei o pato dentro de um saco de linho e saltei com ele e logo eu, o Alfonso e o Pedro Hilu fizemos um triplano.
Tirei o pato com o paraquedas do saco de linho e fiquei esperando o Tunico, que estava gravando tudo em vídeo, se aproximar e então soltei o pato e o pára-quedas se abriu imediatamente.
Eu tinha pedido ao Marquinhos para deixar uma das linhas do
paraquedas ligeiramente mais curta para forçar o mesmo a
navegar em curva e assim fazer com que o pato não pousasse muito
longe da área de saltos.
O Marquinhos deve ter exagerado pois o pára-quedas começou a girar muito rápido e sem o controle que queríamos. O Tunico acompanhou o pato por um tempo fazendo a gravação e depois voltou para a formação para iniciarmos nosso treinamento.
Ficamos sabendo depois que o pato pousou (com certeza bastante tonto !) em frente a um bar no centro da cidade e fazendo um pequeno alvoroço .O que sei é que existe duas versões sobre o destino do pato. A primeira é a de que ele se transformou num belo de um ensopado. E a segunda é a de que ele foi acolhido por uma pessoa da cidade e viveu durante muitos anos até morrer de velhice.
Animados com o salto do pato, o Tunico e o Alfonso resolveram adquirir outro. E compraram então uma patinha bem pequenina e que era chamada de Patabrisas.
Antigamente o equipamento de vídeo era dividido entre a câmera e o módulo de gravação que ficava dentro de uma espécie de caixa e que era preso ao equipamento de salto na altura da barriga.
Em muitos de nossos saltos, quando não estávamos gravando, a Patabrisas ia dentro dessa caixinha, só com o pescoço prá fora.
Pedimos ao Marquinhos prá fazer um paraquedas redondo prá ela e quando chegávamos a uns 500 pés de altura a Patabrisas era solta e a meninada presente na área ficava incumbida de correr até onde ela pousasse e trazê-la de volta. Num desses saltos seu pára-quedas pegou uma térmica e começou a subir ! Pensávamos que íamos perder a Patabrisas mas a equipe de resgate composta pelos moleques conseguiu achá-la a muitos quilômetros da área de saltos.
Arriscaria dizer que ela gostava desses saltos pois não demonstrava nenhuma reação oposta ao ser colocada dentro da caixinha de vídeo prá fazer os saltos.
Mais tarde a Patabrisas foi doada para uma pessoa da cidade de Boituva e viveu feliz para sempre ...
Por José Fideles
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